Racismo, ensino superior e formação de professores: considerações sobre ciência e negritude.
Resumo
O presente trabalho analisa as implicações raciais na percepção sobre ciência e
representatividade dos alunos do curso de Licenciatura em Química no Instituto
Federal de Ciência e Tecnologia (Duque de CaxiasRJ), na periferia da Região
Metropolitana do Rio de Janeiro. Dentro de um contexto exclusão escolar,ações de
equidade social no Brasil tardias ede uma profunda desigualdade racial,, esta
investigação partia da hipótese de que haveria uma baixa representatividade negra
entre as referências das ciências dos estudantes, afinal como historicamente
minorias nas universidades e centros de pesquisa, proporcionalmente seriam menos
presentes em cargos ou realizações de grande alcance do público. Para aferir tal
questão, os alunos foram estimulados a responder quem eram suas referências de
cientistas, quais destes eram negros e onde tomaram conhecimento desses nomes.
Os resultados mostraram uma predominância branca e expressou uma importante
influência da escola na consolidação desse imaginário. Uma surpresa foi uma
crescente participação das redes sociais e das artes no conhecimento de cientistas
nãobrancos. A partir dos resultados, a análise aqui presente discute como o padrão
de ciência ainda reflete marcas do racismo estrutural, onde a ideia de ciência
dominante permanece eurocentrada e como é resultado de uma exclusão e posterior
invisibilidade de nomes pretos na produção de ciência e saberes.