Alcamidas de Achillea Millefolium e seu potencial antinociceptivo: via estudos in silico de interação no sistema endocanabinoide.
Abstract
Achillea millefolium é uma planta da família Asteraceae, originária da Europa e
oeste da Ásia, e atualmente distribuída pelo mundo todo. No Brasil, essa planta é
encontrada nas regiões de Mata Atlântica. Popularmente são realizadas infusões de
suas partes aéreas nas quais são aplicadas em diferentes tratamentos, como,
doenças do fígado, problemas respiratórios, dores, entre outros. Essa planta é rica
em compostos bioativos, destacando-se as alcamidas, que são formadas
biossinteticamente por uma porção ácido graxo e uma porção amino. As alcamidas
apresentam grande semelhança com a anandamida, que é um ligante endógeno do
sistema endocanabinoide: um sistema complexo, utilizado no tratamento de
diversas patologias, como ansiedade, depressão e na percepção da dor. Ele é
composto pelos receptores CB1 e CB2, e quatro ligantes endógenos, dentro eles,
os mais importantes são: a anandamida e o 2-araquidonilglicerol. O sistema
endocanabinoide tem sido de grande importância para o tratamento da dor, haja
vista que grande parte dos tratamentos são realizados com opioides,
antidepressivos e anticonvulsivantes, que apresentam uma série de efeitos
adversos. Com isso, houve o interesse de estudar novos alvos para dor, realizandose um estudo de docking nos receptores CB1 e CB2. Portanto, o objetivo deste
trabalho é realizar uma investigação fitoquímica das raízes de Achillea millefolium,
bem como avaliar suas alcamidas em receptores canabinoides CB1 e CB2 por meio
de estudos in silico de ancoragem molecular. A partir dos experimentos foram
encontradas as alcamidas: isobutilamida do ácido undeca-2E-4E-dieno-8,10-
diinoico; piperidinamida do ácido deca-2E,4E,dieno-8,10-diinoico, isobutilamida do
ácido deca 2E,4E-8Z-trienoico, isobutilamida do ácido deca-2E-4E-dienoico;
piperidinamida do ácido deca 2E,4E-dienoico na partição em hexano do extrato
hidroalcoolico das raízes da A.millefolium. Após identificadas, essas alcamidas
foram avaliadas em CB1 e CB2 e foi observada interação com aminoácidos
Phe268, Cys386, Trp279, Val196, Phe170, Met103, leu359, Phe102, Leu193
importantes para CB1, assim como a anandamida, para CB2 também foram visto
interações com os aminoácidos Phe117,Phe183,Phe91, Phe94, His95, Val113,
podendo se destacar a alcamida piperidinamida do ácido deca-2E,4E,dieno-8,10-
diinoico que teve a melhor interação com CB1 com energia de -7,5kcal/mol e a
piperidinamida do ácido deca-2E,4E,dieno-8,10-diinoico e a piperidinamida do ácido
deca 2E,4E-dienoico para CB2 com energias de -8,4kcal/mol e -7,9kcal/mol,
respectivamente. Diante dos resultados, foi possível detectar as alcamidas por meio
da técnica CLAE-ESI-EM e observou-se um potencial nas alcamidas da espécie
Achillea millefolium para o tratamento da dor. Como perspectivas futuras se
pretende dar continuidade na elucidação estrutural, aplicando as técnicas EM-EM e
isolamento das alcamidas desta espécie.