Investigação de quitina na membrana perimicrovilar de rhodnius prolixus, inseto vetor da doença de chagas.
Resumen
Tripanossomíase americana ou Doença de Chagas é uma doença negligenciada e
um de seus principais vetores é o Rhodnius prolixus. O agente etiológico da doença
é o Trypanossoma cruzi que se aloja e se diferencia dentro do intestino do vetor. No
intestino do vetor existe uma membrana denominada Membrana Perimicrovilar
(MPM), que recobre as microvilosidades intestinais e está envolvida com os
processos de digestão do inseto, diferenciação do parasito e outras funções ainda
desconhecidas. A composição da MPM é parcialmente conhecida, a molécula de
quitina, apesar de identificada no intestino, ainda não foi associada à MPM, à
semelhança com o que ocorre com a matriz peritrófica em outros insetos. Vale
destacar a importância biotecnológica da molécula de quitina, que é o segundo
biopolissacarídeo mais abundante presente na Terra, com potencial para substituir
polissacarídeos sintéticos por ser biocompatível, biodegradável, não causando
danos ao meio ambiente. O objetivo deste trabalho foi investigar a existência de
quitina na MPM de R. prolixus em ninfas de 5o estádio do inseto, as quais foram
alimentadas com sangue, no 10o dia e nos dias de 15 a 18 após à alimentação o
conteúdo luminal foi coletado e submetido ao tratamento com a enzima papaína
para a digestão de proteínas. Em seguida a extração de lipídeos foi feita e o
tratamento com hidróxido de potássio (KOH) 10 M à quente e por fim foi feito o
clareamento do material com ácido clorídrico (HCl) e acetona. Em seguida o material
foi lavado com água e seco. Este material foi submetido à espectroscopia no
infravermelho em comparação com a quitina comercial. A detecção de quitina foi
feita com aglutinina de gérmen de trigo ligada a isotiocianato de fluoresceína (WGA-
FITC) por microscopia de fluorescência. A técnica utilizada para separar o conteúdo
luminal e a MPM foi a ultracentrifugação em gradiente de sacarose. A quitina
encontrada na fração da MPM foi identificada por técnicas de espectrofotometria,
microscopia de fluorescência com WGA-FITC e microscopia de varredura.