As vozes da Ocupação Estudantil: debates e reflexões sobre os determinantes sociais da saúde entre ocupantes de Instituições de Ensino Superior brasileiras em 2016.
Resumen
Com a criação da Comissão Nacional dos Determinantes Sociais da Saúde,
fez-se possível a mobilização de profissionais e gestores da área para debate a
cerca do assunto, instituído em 2008 o modelo proposto para analisar esses
determinantes se divide em proximais, intermediários e macrodeterminantes. Devido
as características do Brasil, pautadas em um modelo neoliberal, é possível ver ao
longo da história a luta dos movimentos sociais para garantia de políticas públicas
que assegurassem os direitos da população. Os movimentos sociais foram
responsáveis por grandes conquistas, inclusive pela criação do Sistema Único de
Saúde no país. As ocupações estudantis passaram a ser mais vistas a partir do
século XXI, embora o primeiro registro tenha sido durante a Ditadura Militar. Em
2016, motivados pela PEC 241, estudantes da rede pública de ensino
protagonizaram uma onda de ocupações em todo território nacional. Partindo de
uma motivação pessoal da estudante pesquisadora deste estudo, que participou
ativamente da ocupação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro campus Realengo, este trabalho objetivou analisar os debates e
reflexões realizados pelos estudantes ocupantes acerca dos Determinantes Sociais
de Saúde nos textos publicados que abordam as Ocupações de instituições de
ensino em 2016 por estudantes do ensino superior, e como esses debates
aconteceram. Para tal, foi realizado um estudo com metodologia qualitativa, cujo
método de análise e interpretação dos dados foi a Análise Textual Discursiva (ATD),
respeitando os critérios de unitarização, categorização e construção do metatexto.
Após essas etapas foi possível analisar os DSS em seus diferentes níveis. Nos
determinantes proximais emergiram questões principalmente ligadas à identidade
de gênero, nos intermediários as redes de apoio e o acesso à educação foram
abordados, finalizando nos macrodeterminantes sociais da saúde com o
reconhecimento do que é o fazer político. Sendo assim, foi possível concluir que os
debates que aconteceram dentro dos espaços de ocupação estudantil trouxeram
aos protagonistas desse movimento uma maior identidade coletiva, maior
sensibilização para questões relacionadas ao desenvolvimento social e econômico
do país, assim como muitas trocas e aprendizados acerca dos outros determinantes
sociais de saúde em geral.