Automedicação entre docentes de uma Instituição Pública de Ensino no município do Rio de Janeiro.
Abstract
Durante anos a Organização Mundial da Saúde (OMS) incentiva o uso racional de
medicamentos através de ações de promoção de saúde. No entanto ainda é muito
comum a prática de automedicação entre a população. A OMS considera a
automedicação como um importante recurso de saúde pública no Sistema de Saúde,
desde que haja melhoria no conhecimento geral das pessoas. Neste caso o
farmacêutico tem um papel fundamental no aconselhamento quanto ao uso racional
de medicamentos. A prática de automedicação pode mascarar doenças mais graves,
causar reações adversas, intoxicações medicamentosas e até a morte do indivíduo.
Essa prática tem se tornado muito comum na vida de docentes, que sofrem
diariamente com as condições de trabalho e desprestígio social da profissão. Esses
profissionais ainda sofrem com os agravos de saúde, associados às exigências da
atividade docente, que vão desde problemas de voz, passando por Distúrbios
Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT), e chegando aos quadros de
depressão, estresse e Burnout. O cotidiano profissional docente tem gerado
sentimentos de desilusão e desencantamento com a profissão, indicando o quanto os
docentes estão vulneráveis ao estresse. A automedicação tem sido uma forma de
atenuar os efeitos prejudiciais dessas condições sobre a saúde. Levando em
consideração os riscos que a automedicação pode causar no docente é necessário
identificar os fatores laborais associados a essa prática. Objetivos: identificar a prática
de automedicação entre docentes do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro (IFRJ); descrever características sócio demográficas, de exercício da
docência e de saúde de uma amostra de docentes em atividade no IFRJ, campus
Realengo; estimar a frequência de automedicação entre os docentes nos últimos 7
dias; descrever os motivos citados pelos docentes para a automedicação; identificar
as classes de fármacos mais utilizadas pelos docentes; testar a hipótese de
associação entre as formas de indicação do medicamento (prescrição x
automedicação) e características do padrão de uso. Metodologia: Estudo transversal
conduzido no período de setembro a dezembro de 2019 com docentes em atividade
no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ),
lotados no campus Realengo. Foi conduzida uma análise descritiva no software R. A
comparação das proporções entre os grupos de interesse foi realizada por meio do
Teste Exato de Fischer. Resultados: Através dos dados obtidos ficou evidente que
cerca de metade dos docentes do IFRJ lotados no campus Realengo realizam
automedicação. Os analgésicos e os agentes que atuam no sistema renina
angiotensina representaram a classe mais utilizada entre os que fizeram
automedicação e os que utilizaram apenas medicamentos prescritos,
respectivamente. Entre os motivos destacou-se o alívio de dores para os
medicamentos utilizados por automedicação e combate a doenças para os
medicamentos prescritos. Conclusão: O trabalho docente é um gerador de estresse
referidos pelos docentes deste estudo e uma válvula de escape pode ser a
automedicação. Desta forma é evidente a necessidade da promoção do uso racional
de medicamentos e a criação de estratégias para prevenção de doenças e promoção
de cuidados à saúde dos trabalhadores em educação.