O Oceano e as Mudanças Climáticas: a abordagem da justiça climática em portais de notícias do Brasil.
Resumo
De acordo com as tendências atuais, os efeitos das mudanças climáticas se
tornarão cada vez mais frequentes no cotidiano das pessoas. Apesar de os
efeitos serem globais, distintos grupos sociais são impactados em intensidades
e em formas desproporcionais. Populações vulnerabilizadas ou aquelas que
vivem em locais mais suscetíveis às alterações do clima, como as regiões
litorâneas, são potencialmente mais atingidas pelas drásticas consequências
das mudanças climáticas. Tal situação demanda ações que contribuam com
políticas públicas de justiça ambiental para diminuir os impactos negativos
sobre essas populações mais expostas. Neste trabalho foram analisadas as
notícias publicadas em três portais de comunicação brasileiro (g1.com,
uol.com.br e R7.com), com o objetivo de entender a abordagem da cobertura
jornalística sobre os impactos da crise climática nos oceanos e a sua relação
com as comunidades mais suscetíveis ao efeito do clima, tendo por base o
conceito da Justiça Climática. Foram examinadas as notícias compreendidas
entre 01 de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022, cobrindo os anos
iniciais da Década das Nações Unidas de Ciência Oceânica para o
Desenvolvimento Sustentável. Como resultado, observou-se a baixa
representatividade do conceito de Justiça Climática em matérias sobre
alterações climáticas nos oceanos e a tendência em priorizar as tragédias nas
pautas relacionadas ao colapso climático. Mostrou-se ainda que as notícias
com esse tema têm como fonte principal a comunidade científica, com pouco
destaque a sociedade civil e comunidades afetadas.