A importância da perspectiva interseccional para integralidade do cuidado em saúde mental de mulheres: um recorte de gênero, raça e classe
Resumo
O movimento de Reforma Psiquiátrica rompeu com o paradigma psiquiátrico e busca
estabelecer um novo status social para as pessoas em sofrimento psíquico,
promovendo a desinstitucionalização, a abertura de novas perspectivas e abordagens
na área da saúde mental e a reformulação das práticas de cuidado. O modelo de
atenção psicossocial que surge a partir da Reforma Psiquiátrica segue um conceito
amplo de saúde, pois considera os aspectos biológicos, psicológicos e sociais de
forma integrada. Portanto, pensar sobre a integralidade e o cuidado em saúde só é
possível se nos atentarmos para as diferenças e necessidades específicas dos
sujeitos, respeitando as relações de gênero, raça e etnia. Sendo assim, a
interseccionalidade é fundamental neste processo: se refere a forma como o racismo,
a opressão de classe, o patriarcado e os demais sistemas discriminatórios resultam
em desigualdades que refletem nos determinantes sociais da saúde. Considerando
os sujeitos que têm as suas vidas atravessadas pela experiência do sofrimento
psíquico e que, indissociavelmente, são atravessadas por esses sistemas
discriminatórios, pensar na integralidade do cuidado para essa população através da
perspectiva interseccional se faz urgente e necessário. Tendo tudo isto em vista, este
artigo busca analisar crítica-reflexivamente a literatura científica sobre o recorte
interseccional e como ele se relaciona com as práticas integrais do cuidado em saúde
mental.