A construção da identidade profissional dos trabalhadores de arquivo do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET/RJ) à luz da Educação Profissional e Tecnológica (EPT).
Resumo
A formação da memória institucional, entre outros fatores, relaciona-se com o
pensamento crítico de seus agentes como parte das atividades laborais, e a
necessidade de um constante processo de aprendizagem, fruto da autorreflexão e da
consciência, marcadores de sua identidade profissional. A partir dessa compreensão,
esta pesquisa pretendeu contribuir com o processo de construção da identidade
profissional de servidores atuantes nos arquivos do CEFET/RJ (Centro Federal de
Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca) nos campi Angra dos Reis, Itaguaí,
Nova Iguaçu e Nova Friburgo através de recursos didáticos que lhes permitissem
refletir sobre suas funções como mantenedores da memória institucional,
transcendendo práticas laborais intelectualmente limitantes e meramente
mecanicistas. A manutenção a que nos referimos foge de uma percepção cristalizada
sobre o passado. Com base em teóricos como Stuart Hall (1998) e Maria Ciavatta
(2005), entendemos a manutenção da memória arquivística como um exercício de
análise contínua para que o profissional do arquivo, além de se colocar como
mantenedor de documentos, aja como um facilitador de acesso a registros e se
posicione como um intelectual em sintonia com correntes teóricas contemporâneas
que retratam a mobilidade da identidade profissional e a natureza viva da memória
institucional em articulação com a realidade de hoje e do futuro. Para tanto, lançou-se
mão da base conceitual da EPT, em autores como Frigotto (2009) e Saviani (2007),
para uma análise crítica das relações de trabalho e a educação; também de teorias
que problematizassem o processo de formação de identidade e da memória
institucional, apoiado em autores como Pollack (1989), Le Goff (1990), Nora (1993)
Velho (1988) e Assmann (2011), e de estudos que analisassem as práticas
arquivísticas, de organização da informação e disseminação do conhecimento.
Também foram abordadas questões como a fragmentação do trabalho e a figura do
trabalhador moderno e sua atuação mecanicista e espacialmente limitada (Antunes,
2009). Esta pesquisa iniciou-se apoiada na premissa que as atividades de arquivo são
carregadas de estereótipos negativos, resultado do desconhecimento, e planejou,
então, a partir da base teórica referenciada e da participação dos trabalhadores em
arquivos do CEFET/RJ, investigar a plausibilidade dessa estereotipação e o possível
impacto entre os servidores participantes do estudo. Os dados foram coletados,
através de questionários virtuais e uma roda de conversa, apresentando questões
ligadas à exibição de trechos de vídeos que estimulassem os participantes a refletir e
expor suas percepções sobre o tema com base na EPT, considerando a memória e
organização das profissões envolvidas no Instituto Federal em que atuamos, a saber:
técnicos e auxiliares de arquivo, bibliotecários etc. A questão da memória foi
desenvolvida a partir de um comparativo histórico entre o perfil dos primeiros
arquivistas e a atuação dos profissionais de arquivo nos dias de hoje. No que tange à
organização, discutiu-se quais tarefas desempenham tais profissionais nos dias de
hoje no CEFET/RJ e o que precisa ser repensado. Após a verificação dos dados que
corroboraram com a premissa formulada, a pesquisa desenvolveu um produto
educacional baseado nos pressupostos da EPT que lançou luz na questão do papel e
da identidade intelectual dos profissionais supracitados nos dias de hoje, ressaltando
a importância de serem mais que servidores com incumbências mecanicistas e a
relevância de pensarem seu papel e identidade intelectuais numa instituição
educacional da rede federal hoje e amanhã.