Fatores associados ao atraso para início da terapia adjuvante no câncer de mama não metastático e impacto no prognóstico em uma coorte de mulheres brasileiras.
Abstract
O intervalo ideal de tempo entre a cirurgia e o primeiro tratamento adjuvante no
câncer de mama ainda não está bem estabelecido na literatura científica. Objetivou-
se identificar fatores associados ao atraso para o início da terapia adjuvante e o
impacto no prognóstico de pacientes com câncer de mama não metastático. Esse
trabalho é um estudo de coorte prospectiva em mulheres com câncer de mama e
tratadas em um centro público de oncologia. Foi considerado como atraso o intervalo
de tempo ≥ 60 dias entre a data da cirurgia e a data de início do 1° tratamento
adjuvante. Os fatores associados ao atraso foram avaliados por meio de regressão
logística e o impacto no prognóstico por meio de regressão de Cox. Nas 401
mulheres, o intervalo de tempo mediano entre a cirurgia e o 1° tratamento adjuvante
foi de 57,0 dias (37,0 –93,0). Os fatores independentes associados ao atraso foram
não ter superexpressão da proteína HER-2, não ter sido submetida a quimioterapia
neoadjuvante e ter como primeiro tratamento adjuvante quimioterapia ou outras
modalidades terapêuticas, que não a hormonioterapia e quimioterapia. O atraso não
impactou no risco de recidiva e metástase à distância e no risco de óbito. Os fatores
associados ao risco de recidiva e metástase a distância foram estadiamento clínico
≥2B, ter sido submetida a quimioterapia neoadjuvante, mulheres com subtipo
molecular luminal B e triplo negativo e presença de filhos. Já os fatores associados
ao óbito foram tumores subtipo molecular triplo negativo e quimioterapia
neoadjuvante. O atraso para início do tratamento adjuvante não impactou na no
prognóstico de pacientes com câncer de mama não metastático. No entanto, fatores
clínicos e relacionados ao tratamento foram associados ao atraso, no risco de
recidiva e metástase à distância e no risco de óbito.