Desenvolvimento e caracterização de emulsões contendo óleo de semente de maracujá azedo (Passiflora edulis Sims).
Resumo
O Brasil é um grande produtor e consumidor de maracujá, principalmente quando se trata da espécie Passiflora edulis Sims, o maracujá amarelo. A polpa da fruta é amplamente utilizada na indústria alimentícia, produzindo sucos, sorvetes e outras sobremesas. Entretanto, cerca de 70% do fruto é considerado resíduo e acaba sendo descartado, destacando-se sementes e cascas do fruto. Buscando reduzir o desperdício, tais componentes podem ser utilizados para gerar outros produtos, como farinha produzida a partir da casca, produtos esfoliantes com as sementes e óleo de semente de maracujá, utilizado no setor alimentício e de cosméticos. A composição de ácidos graxos desse óleo é similar ao óleo de girassol, vastamente utilizado no mercado. O óleo de girassol é indicado no tratamento de ressecamento de pele, psoríase e para hidratação da pele. Devido a semelhança da composição graxa, acredita-se que o óleo de semente de maracujá possa ser utilizado com a mesma finalidade. A utilização de emulsões cosméticas para veicular o óleo vegetal resulta em uma maior aceitabilidade, principalmente quando se trata de uma emulsão óleo em água, proporcionando uma melhor evanescência e menor untuosidade sobre a pele. Em geral, preparações contendo óleo de girassol são encontradas na concentração de 14,8% do óleo vegetal. O presente estudo se propôs a desenvolver emulsões estáveis com a incorporação de óleo de maracujá, apresentando a mesma concentração vista no óleo de girassol, idealizando o emprego em farmácias magistrais. Dessa forma, foram planejadas emulsões, sendo uma emulsão não iônica e uma emulsão aniônica. A emulsão não iônica foi dividida nas amostras E1SO, sem óleo, e E1CO, com posterior incorporação do óleo de semente de maracujá com Tween 80, enquanto a emulsão aniônica foi dividida em E2SO, sem óleo, e E2CO, com posterior incorporação do óleo de semente de maracujá. As amostras foram submetidas a testes de estabilidade para garantir que suas características fossem adequadas pelo período necessário. As amostras passaram por um teste de identificação do tipo de emulsão e pelos testes de estabilidade preliminar (centrifugação, gelo-degelo e estresse térmico) e, em seguida, E1SO, E1CO, E2SO e E2CO foram acondicionadas em diferentes condições de temperatura (temperatura ambiente e sob refrigeração) para serem avaliadas por testes de estabilidade acelerada (pH, espalhabilidade e análise organoléptica) no período de 60 dias. Por fim, concluiu-se que a emulsão base se manteve mais estável, enquanto todas as amostras contendo óleo de semente de maracujá apresentaram separação de fases, em diferentes intensidades, na análise do sétimo dia, sendo necessário reavaliar o sistema de tensoativos para a incorporação do óleo e realizar ajuste de pH. Além disso, para próximos estudos, sugeriu-se a incorporação de novos testes e o acondicionamento sob refrigeração, que se mostrou mais vantajoso para a estabilidade da formulação.