Mecanismos envolvidos na toxicidade das principais substâncias encontradas nos alimentos e sua possível influência no desenvolvimento de câncer colorretal
Abstract
O câncer colorretal é o terceiro câncer mais frequente em homens, o segundo câncer mais frequente em mulheres e seus números têm subido a cada ano. Existem vários fatores que contribuem para o aumento do risco de desenvolvê-lo, dentre eles está a alimentação inapropriada. Desta forma, a presente revisão bibliográfica objetiva elucidar os principais alimentos descritos na literatura e as substâncias presentes nestes alimentos que possam contribuir para o aumento do risco de desenvolver este câncer, bem como quais mecanismos estariam envolvidos na indução da carcinogênese. Neste sentido foram consultadas as diferentes bases de dados: PubMed, Scielo, Science Direct e LILACS, sendo selecionados os artigos na língua inglesa e portuguesa no período compreendido entre 2001 e 2021. Neste trabalho foi dado enfoque em como as gorduras, alimentos fritos e/ou submetidos a altas temperaturas, carne vermelha e alimentos processados e a microbiota podem influenciar na progressão deste câncer. As gorduras, bem como o ferro heme podem induzir a produção de espécies radicalares via reação de Fenton. Essas espécies podem atuar se ligando diretamente a proteínas e bases nitrogenadas formando adutos, iniciando e propagando a peroxidação lipídica, e por consequência gerando intermediários reativos como MDA e 4-HNE, os quais podem reagir com bionucleófilos como: proteínas e bases nitrogenadas formando adutos. Além disso, no metabolismo das gorduras por algumas bactérias patogênicas podem ser formados ácidos biliares secundários e terciários que podem contribuir para a formação de espécies radicalares, ambos podem atuar gerando inflamação na mucosa do cólon. Outros intermediários como acroleína, acrilamida e aminas heterocíclicas podem ser formados em altas temperaturas pela reação de Maillard, e exibem ampla capacidade de formarem adutos com os bionucleófilos, enquanto, os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos são formados pela combustão da matéria orgânica, podendo gerar um metabólito tóxico com plena capacidade de formar adutos com bionucleófilos. Em adição, devido o processo de salga da carne vermelha e/ou carne processada pode haver a formação de compostos N-nitrosos, que assim como os outros metabólitos, possuí alta reatividade e também pode formar adutos com bionucleóficos. Por fim, existe outro fator presente na carne vermelha e processada, mas não na carne de frango e peixes, uma glicana chamada Neu5Gc, a qual pode desencadear uma inflamação crônica chamada xenosialite, que pode contribuir para a progressão do câncer. Em conclusão, o corpo humano exibe mecanismos para lidar com esses compostos, entretanto, o problema principal está na periodicidade em que esses alimentos são ingeridos, quanto maior a exposição a essas substâncias maior o risco de desenvolver este câncer, assim sendo, o consumo excessivo destes alimentos deve ser desencorajado.