Violência obstétrica, gênero e doulagem à luz da humanização do parto.
Resumo
Este estudo foi realizado através da manifestação do coração, gestado pelos
caminhos que segui. Por incrível que pareça, foi um parto humanizado em
pleno caos pandêmico de 2021. Neste manifesto reúnem-se momentos de
lutas, trocas que tive com pessoas que gestaram, amigues, Doulas e mestras.
Observando o cenário da atenção ao parto, percebemos diversos tipos de
violência embutidas de forma sutil as corpas gestantes, que compreendem toda
intervenção passada por profissionais da saúde é uma ajuda benéfica. A total
entrega sem acesso a todas as informações necessárias pode levar ao
desconhecimento e a usurpação do próprio processo de parir, seu
protagonismo. A humanização do parto descrita neste trabalho contrapõe às
“sutilezas” e “ajudas” naturalizadas, advindas de ações violentas historicamente
construídas, tornando-se linhas de montagem da ciência moderna pautada no
patriarcado. Parturiente que busca um rumo diferente do modelo tecnocrático,
precisa „nadar contra a maré‟ e acionar uma rede de apoio capaz de fazer valer
sua autonomia. Perante a isso as perguntas que permeiam essa discussão
são: Como as informações e as abordagens estão sendo transmitidas para
parturientes nas redes pública e privada para que as escolhas sejam
possíveis? Como a experiência da humanização do parto pode ser vivida em
meio a epidemia que objetifica pessoas? O estudo tem como objetivo geral
contribuir para a compreensão dos processos de violência obstétrica, tendo por
referência às questões de gênero, patriarcado e Doulagem à luz dos preceitos
das políticas públicas de humanização do parto e como objetivo específico
refletir o cenário do parto com o foco na violência obstétrica (VO) a partir da
experiência registrada em diários de campo da doulagem na cidade do Rio de
Janeiro. É uma ocupação que atende gestantes através do cuidado contínuo
no parto com suportes: informacional, emocional e físico durante a gestação,
parto e puerpério. E, por fim, a doulagem e a humanização do parto surgem
para zelar pelo bem-estar e respeito à autonomia da pessoa gestante, como
também em resposta à violência obstétrica e suas iatrogenias presentes