Prevalência da cinesiofobia após artroplastia total primária de joelho e seu impacto na funcionalidade

Abstract

Introdução: A cinesiofobia é uma condição presente em um número substancial de pacientes após artroplastia total primária de joelho e tem mostrado associação com a maior intensidade de dor e a redução da funcionalidade. Há estudos com investigação desta população em países diversos, mas não foi encontrado qualquer estudo com tais objetivos na população brasileira. O aumento substancial desta cirurgia no Brasil ao longo dos anos reforça também a importância da identificação precoce de tal condição pós-cirúrgica. O objetivo desta pesquisa foi determinar a frequência e distribuição da cinesiofobia e seu impacto na funcionalidade a curto prazo após artroplastia total primária de joelho no Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO). Metodologia: Trata-se de um estudo observacional, descritivo e unicêntrico. Foram avaliados pacientes submetidos a artroplastia total primária de joelho no INTO em até 30 dias após a cirurgia, no período de julho a dezembro de 2021. O desfecho primário foi a cinesiofobia, avaliado através da Tampa Scale of Kinesiophobia (TSK), utilizando o ponto de corte de ≥37 pontos. Os desfechos secundários foram a intensidade da dor (EVA – INTO), amplitude de movimento (goniometria), desempenho físico (Short Physical Performance Battery – SPPB) e mobilidade (Timed Up and Go – TUG). Resultados: Foram incluídos um total de 58 participantes, sendo 65,5% mulheres e 34,5% homens. A média de idade foi de 66,5% ± 7,2. A prevalência da cinesiofobia foi de 82,7% da população total do estudo. Em relação ao sexo, encontrou-se prevalência de cinesiofobia em 92% de mulheres e 65% de homens. Foi encontrada prevalência de cinesiofobia em 100% dos participantes que relataram dor forte/intensa em repouso e 88,2% da amostra que relatou dor moderada durante o movimento. Discussão: O presente estudo encontrou uma tendência de correlação positiva entre a pontuação do questionário de cinesiofobia e o teste de velocidade da marcha em segundos, além de uma potencial correlação negativa entre cinesiofobia e a pontuação no SPPB. Demais autores encontraram associação estatisticamente significante entre altos níveis de cinesiofobia e prejuízo da funcionalidade no pósoperatório imediato até um ano após a cirurgia. Conclusão: Os dados preliminares do presente estudo sugerem que a prevalência da cinesiofobia pode estar relacionada a baixos escores dos testes de desempenho físico e mobilidade dos pacientes no pósoperatório imediato de cirurgia de artroplastia total primária de joelho. Além disso, mostra-se importante avaliar os participantes a longo prazo após a cirurgia, para determinar o impacto da cinesiofobia no dia-a-dia dos pacientes na população brasileira.