A contemporaneidade de Capitu (2008): inovações de linguagem na adaptação televisiva de um clássico da literatura brasileira
Resumo
Em função de seu caráter popular e massivo, a televisão brasileira carrega o estigma de meio de comunicação de massa alienante, incorporando, por isso, diversas características atribuídas ao conceito de “indústria cultural”, criado na década de 1930 pelos teóricos vinculados à Escola de Frankfurt. Partindo das perspectivas críticas que atravessam o conceito, bem como das revisões que o mesmo sofre após o surgimento dos Estudos Culturais britânicos, o presente trabalho propõe, mediante uma análise da minissérie Capitu (2008), levantar questionamentos e reflexões sobre a inserção de um produto cultural com traços clássicos em um meio de comunicação caracterizado, em parte, pela padronização da linguagem e pela ausência de conteúdo crítico. Tendo por objetivo investigar as possíveis articulações entre esta adaptação audiovisual e os discursos teóricos no âmbito dos Estudos de Mídia, é possível identificar a minissérie como uma atração que foge aos padrões usuais da TV e que, além disso, busca resistir aos métodos rotineiros deste sistema. Problematizando a pertinência do discurso generalista que defende a ausência de qualidade na linguagem televisionada, destaca-se este meio de comunicação como sendo mais plural do que o próprio senso comum defende, no qual diversas atrações, possuidoras de propostas antagônicas, coexistem reciprocamente em um canal rico e diversificado.