Disfunção Neuroendócrina na Síndrome do Ovário Policístico: Impacto na Susceptibilidade de Doenças Neurodegenerativas

Abstract

Nas últimas décadas, observou-se um aumento significativo na expectativa de vida. Estima-se que, na América Latina, entre 1980 e 2025, a população total deverá crescer 271%, enquanto a população com mais de 60 anos apresentará um aumento de 412%. Embora esses números indiquem um progresso em termos de longevidade, o aumento do número de anos vividos não está necessariamente associado a uma melhora na qualidade de vida. Entre as doenças prevalentes nesse grupo etário, destaca-se a doença de Alzheimer (DA).Estudos recentes demonstram que algumas doenças também comuns a essa faixa etária, como a diabetes mellitus tipo 2 e a obesidade possuem mecanismos patogênicos em comum com a DA, que representa um dos distúrbios neurodegenerativos relacionados à idade mais comuns. A resistência à insulina e inflamação crônica associadas a estas doenças têm sido apontadas como importantes mediadores de deterioração sináptica e perda de memória na DA. Outra condição que também é caracterizada por alterações metabólicas e neuroendócrinas significativas é a síndrome do ovário policístico (SOP), que afeta 6-8% das mulheres em idade reprodutiva. A SOP, que está associada à obesidade, resistência à insulina, síndrome metabólica e diabetes mellitus do tipo 2, é importante na ocorrência da resistência à insulina no tecido cerebral, uma vez que foi demonstrada redução no metabolismo de glicose no córtex e hipocampo de maneira semelhante à observada na DA. Além disso, alterações cognitivas têm sido descritas em mulheres com SOP, reforçando a hipótese de que as alterações neuroendócrinas observadas na doença poderiam contribuir para o desenvolvimento da DA. O presente trabalho avaliou, através do uso de modelo experimental murino pré estabelecido, a possibilidade da SOP e as disfunções neuroendócrinas associadas e sua relação a um maior risco de desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.O presente trabalho padronizou um modelo experimental para indução da SOP em camundongos e evidenciou a reversão do prejuízo cognitivo após 75 dias e demonstrou que o protocolo é viável para estudos futuros sobre os efeitos da SOP no sistema nervoso central e sua possível relação com doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.