Análise da concordância entre o percentual de granulócitos imaturos (ig%) automatizado com os achados de promielócitos, mielócitos e metamielócitos no analisador de morfologia celular mc-80 e na microscopia convencional
Resumo
A hematopoiese é o processo de formação, diferenciação e maturação das células
sanguíneas. Estas, originam-se do precursor comum, as células tronco
hematopoiéticas, que se diferenciam em progenitor mieloide e linfoide. O progenitor
mieloide dá origem aos eritrócitos, megacariócitos, monócitos e granulócitos, os quais
são subdivididos em neutrófilos, basófilos e eosinófilos, enquanto a linhagem linfoide
forma linfócitos T, B e células natural killer. Os granulócitos, apesar de fazerem parte
da mesma linhagem de amadurecimento, mostram diferenças na frequência com que
suas formas imaturas aparecem no sangue periférico. Enquanto os basófilos e
eosinófilos raramente têm suas formas imaturas circulantes, os precursores
neutrofílicos são mais frequentemente encontrados. O aparecimento desses
granulócitos imaturos, é muito importante clinicamente pois pode indicar indício de
presença de sepse, doença considerada um grande desafio para a saúde pública. A
contagem automatizada dos granulócitos imaturos em analisadores hematológicos é
possível graças a fluorescência e, ela é reportada por meio do parâmetro IG, em
números absolutos e em percentual (IG%). Este índice automatizado engloba os
mielócitos, metamielócitos e promielócitos. Como a maioria dos equipamentos não
são capazes de diferenciar os três tipos celulares, eles identificam através da emissão
de alarme(flag) para que o analista realize a revisão microscópica da lâmina. Á vista
disso, para a presente pesquisa foram selecionados e lidos pela microscopia manual
e digital 201 hemogramas automatizados com índice de IG variando de 0% a 20%,
que continham flag de “granulócitos imaturos?”. Esta teve como objetivo geral
analisar, por meio de métodos estatísticos, a correlação e a concordância da
contagem entre o parâmetro de IG% emitido pelo analisador hematológico BC-
6200(Mindray) com os granulócitos imaturos identificados na leitura microscópica
convencional e na digital, utilizando o MC-80. Concomitantemente os objetivos
específicos consistiram, primeiramente, na mesma avaliação estatística, porém,
desta vez, entre a contagem de granulócitos imaturos encontrados nas leituras
microscópicas e, posteriormente, na avaliação da ocorrência de falsos positivos do
flag de “granulócito imaturo”, em comparação com os granulócitos imaturos contados
pela microscopia convencional e digital. Os resultados mostraram que as correlações
observadas não são estatisticamente significativas, visto que, p-valor foram > 0,001
para cada uma das análises. Também não houve concordância substancial em
nenhuma das avaliações. Em relação ao flag emitido pelo equipamento, foi possível
observar que nem sempre ele foi confirmado na contagem diferencial pela
microscopia convencional e no scanner digital. Concluiu-se que, embora o sofisticado
equipamento BC-6200 contribuía para a rotina laboratorial, não é recomendável sua
substituição total da contagem microscópica em amostra com alarme de granulócitos
imaturos. Da mesma forma, notou-se que o MC-80 deve ser utilizado de forma
complementar e não substitutiva à avalição microscópica manual, considerada
padrão ouro.