Avaliação da tolerância de Acinetobacter spp. isolados de alimentos a condições gastrointestinais simuladas.
Abstract
Nos últimos anos, isolados do gênero Acinetobacter têm sido registrados emdiferentes tipos de habitats, em alimentos, água, solo e ambientes hospitalares ao redor do mundo. Este gênero abrange cerca de 76 espécies registradas e o mesmo tornou-se um alerta vermelho para os pesquisadores, devido à sua multirresistência a antibióticos e mecanismos de sobrevivência, tornando-o assim um problema de saúde pública. Estudos mostram que mecanismos de sobrevivência de Acinetobacter como a produção de enzimas lipolíticas, biofilme e fenótipo MDR, são responsáveis pela modificação sensorial de alimentos e veiculação de novas cepas resistentes a sanitizantes, desinfetantes e antibióticos. Contudo, não há estudos que avaliam a tolerância de Acinetobacter ao sistema gastrointestinal (SGI). Neste trabalho, 16 isolados de Acinetobacter spp. foram caracterizados quanto a produção de enzima
lipolíticas, biofilme e expressão do fenótipo MDR. Todos os isolados foram produtores de enzimas lipolíticas, dois (12,5%) foram produtores de biofilme e todos apresentaram fenótipo MDR. Para a avaliação da tolerância ao SGI, foi realizada a avaliação do comportamento dos isolados de Acinetobacter spp. a partir da exposição ao suco gástrico e fluido intestinal simulados, simulando o processo de digestão. Após essa exposição, os isolados de Acinetobacter spp. foram capazes de permanecer viáveis, apresentando uma taxa de sobrevivência variando de 51,9 a 95,6% em relação ao inóculo inicial. Este é o primeiro trabalho a avaliar a tolerância desse gênero ao SGI, onde conclui-se que os mesmos apresentam comportamento semelhante a outros patógenos alimentares tradicionais, mesmo sob exposição ao pH 2,0, a ações enzimáticas e a sais biliares. Em resumo, Acinetobacter spp. isolados de alimentos apresentam alta tolerância às condições gastrointestinais simuladas e a capacidade de sobrevivência ao sistema gastrointestinal é de suma importância para a colonização intestinal e desencadear outras patologias intestinais. Novos experimentos são necessários para investigar a interação desses e de outros isolados com diferentes tipos de alimentos e sua capacidade de competir com a microbiota intestinal podem corroborar com os resultados obtidos neste estudo.