Uso de benzodiazepínicos: riscos, perfil de usuários e o papel do farmacêutico
Resumen
Nos tempos modernos, o ritmo e estilo de vida vertiginoso fazem com que a população
viva situações cada vez mais estressantes e difíceis. Para lidar com isso, uma das
opções adotadas refere-se ao uso de substâncias psicoativas. Dentre essas
substâncias, podemos citar os benzodiazepínicos (BZDs), classe de medicamentos
que promovem efeitos depressores, dependentes da dose sobre o Sistema Nervoso
Central. Com base nos dados do III Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas
pela População Brasileira, constatou-se no Brasil, no ano de 2015, os
benzodiazepínicos são a classe de medicamentos mais consumidas de forma não
prescrita ou consumidas de forma diferente da prescrita, com 3,9% dos entrevistados.
Esse consumo reflete um complexo problema de saúde pública, visto que, embora
esses medicamentos tenham seu acesso restrito e sejam controlados pela Portaria
SVS/MS n° 344, de 12 de maio de 1998, a utilização destes tem sido considerada
exacerbada e indiscriminada. Este trabalho propõe uma revisão de literatura de
caráter exploratório realizada na plataforma Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, com
os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “benzodiazepines, utilização
prolongada, uso indevido, uso indevido de medicamentos sob prescrição”. A busca foi
realizada de outubro de 2022 a maio de 2023, sendo selecionados 20 artigos que
atenderam aos critérios de inclusão e exclusão pré definidos. Este trabalho busca
realizar uma análise descritiva acerca das produções científicas sobre uso inadequado
dos benzodiazepínicos. Os dados foram analisados um a um com a finalidade de
interpretar e descrever os principais achados, gerando uma discussão sobre o tema
proposto. Sendo assim, podemos notar que o consumo de medicamentos
benzodiazepínicos aumenta a cada ano, destacando-se a preocupação com a
medicalização do cotidiano. Além disso, grande parte do público que faz uso dos
benzodiazepínicos são mulheres e idosos com as principais queixas para reduzir
ansiedade, insônia e fuga de problemas. A maioria das prescrições não tem indicação
de uso, além do uso prolongado ser comum, embora não seja recomendado. E isso
ocorre devido a múltiplos fatores, mas ressalta-se que um deles é a falta de
informações adequadas para os pacientes sobre os riscos dos BZDs, o que pode
suceder efeitos adversos, bem como o desenvolvimento da síndrome de tolerância,
dependência e abstinência. Os resultados do presente trabalho suscitam uma reflexão
sobre o papel fundamental do farmacêutico no uso racional de medicamentos, pois é
o elo entre o prescritor e o paciente usuário do BZD. Por isso, intensificar nossa visão
de que é preciso, não só sensibilizar a população sobre o papel do profissional
farmacêutico, mas também investir mais na humanização no processo de
dispensação, com o objetivo de se tornar referência em cuidado e no auxílio para
promoção do uso racional de medicamentos e, não somente um estabelecimento de
venda ou distribuição de medicamentos.