Posicionamento terapêutico no leito para a funcionalidade de bebês prematuros internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal: uma revisão integrativa da literatura.
Resumo
Introdução: Durante o desenvolvimento intrauterino, os bebês desfrutam de todo o suporte
fisiológico do qual necessitam para a aquisição da postura flexora. No entanto, o RN prematuro
perde essa fase crucial do desenvolvimento e não encontra na UTI Neonatal a proteção e o
suporte uterino. Com a hipotonia da prematuridade e ação da gravidade, os bebês prematuros
evoluem com extensão e rotação externa dos membros, dificultando a organização na linha
média. Ademais, a UTI Neonatal expõe o bebê ao mesmo tempo a uma sobrecarga sensorial
negativa e a uma privação de estímulos sensório-motores positivos, podendo prejudicar o
desenvolvimento cerebral. A Fisioterapia com seu olhar voltado para a motricidade,
desempenha um papel essencial na adequada modelagem do sistema musculoesquelético,
podendo favorecer a organização postural, a movimentação espontânea do bebê prematuro e os
comportamentos autorregulatórios, bem como orientar os pais e os profissionais com relação
ao posicionamento no leito. Objetivos: Considerando a Teoria dos Sistemas Dinâmicos do
Desenvolvimento e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF), analisar as evidências científicas sobre a influência positiva e/ou negativa do
posicionamento terapêutico no leito na funcionalidade e/ou incapacidade, respectivamente, dos
bebês prematuros na UTI Neonatal. Metodologia: O presente estudo é uma revisão integrativa
da literatura que foi operacionalizada respeitando-se as seis fases do seu processo de
elaboração: identificação do tema e seleção da hipótese ou elaboração da pergunta norteadora
da revisão; busca ou amostragem na literatura; coleta dos dados; análise crítica dos estudos
incluídos; interpretação/discussão dos resultados; apresentação da revisão integrativa.
Resultados: Foram incluídos 30 artigos que basicamente estudaram os tipos (prono, supino e
decúbitos laterais) e osrecursos de posicionamento no leito (ninho e rede). Todos contemplaram
funções do corpo, 8 atividades e nenhum a participação. 20 estudos avaliaram desfechos do
subsistema autonômico, 7 do motor, 6 de estados comportamentais, 8 do regulador e nenhum
de atenção/interação. Os principais benefícios para a funcionalidade do bebê prematuro
descritos foram obtidos com o prono, o decúbito lateral, o ninho e a rede, destacando-se os
efeitos positivos em funções do corpo: funções do sistema respiratório registrados em 10
estudos, funções neuromusculoesqueléticas e relacionadas com o movimento em 7 estudos,
funções do aparelho cardiovascular em 5 estudos, funções da consciência/sono em 4 estudos,
sensação de dor em 5 estudos, e em funções de manutenção do peso em 1 estudo. Ademais,
houve benefício, em fator contextual ambiental, para o sucesso do desmame da ventilação
mecânica e da extubação em 1 estudo, e para estrutura do corpo com prevenção de deformidades
cranianas em 1 estudo. Houve também benefícios para atividade em lidar com o estresse em 5
estudos e manter da posição básica do corpo em 3 estudos. Não foram encontrados resultados
no que se refere ao componente participação. Como efeitos negativos do posicionamento,
contribuindo para a incapacidade, são relatados impactos principalmente do supino nas funções
do aparelho respiratório em 5 estudos e em funções do sistema cardiovascular em 1 estudo.
Conclusão: O posicionamento no leito, quando empregado adequadamente, atua como um
facilitador da funcionalidade do bebê prematuro na UTI Neonatal, em especial o prono, o
decúbito lateral, o ninho e a rede. Contudo, nota-se um olhar restrito às funções do corpo, sendo
necessários estudos adicionais visando os outros componentes da CIF.