Comparação do julgamento de lateralidade entre a extremidade inferior sintomática e assintomática de indivíduos com síndrome da dor patelofemoral.
Abstract
Justificativa: A Dor Patelofemoral (DPF) tem importante interferência
na funcionalidade da articulação do joelho causando dor, restrição da
marcha e a realização de atividades físicas. Indivíduos com dor crônica
apresentam uma diferença entre a organização somatotópica do
segmento doloroso no cérebro quando comparados com indivíduos
assintomáticos, o que pode interferir diretamente no seu julgamento
de lateralidade. A capacidade de julgamento de lateralidade de
pacientes com DPF foi pouco explorada na literatura. Objetivos:
comparar a acurácia e o tempo de resposta do julgamento de
lateralidade das extremidades inferiores sintomáticas e assintomáticas
de indivíduos com DPF. Secundariamente, correlacionar o julgamento
de lateralidade de indivíduos que sofrem de DPF com intensidade de
dor e com o questionário de desordens femoropatelares (Kujala).
Métodos: Foi realizada uma análise secundária do banco de dados
com 48 pacientes diagnosticados com DPF que preencheram um
questionário sobre características demográficas e clínicas. Os
participantes foram submetidos a uma avaliação que incluía o
julgamento de lateralidade da extremidade inferior (joelho e tornozelo)
utilizando a aplicação Recognise, que fornece a acurácia e o tempo das
respostas do participante separadamente para cada dimidio. A análise
da intensidade de dor no momento (Questão 6 do questionário Brief
Pain Inventory, BPI), e da funcionalidade autorreferida (Questionário
de desordens femoropatelares de Kujala) também foram realizadas.5
Resultado: A maior parte da amostra era composta por homens
(62,5%), destros (93,8%), média de intensidade de dor no momento
de 3,96 de 10 e média de incapacidade autorreferida do joelho no
Kujala de 76,08 de 100 pontos. O resultado da comparação entre o
membro sintomático e assintomático mostrou similaridade na média
da acurácia, joelho (96%) e tornozelo (78%), e na média do tempo de
resposta, joelho (2s) e tornozelo (1,2s). Houve correlação entre o
julgamento de lateralidade e a intensidade de dor no momento da
avaliação (p=0,022). Não houve correlação entre os valores obtidos
no Recognise e a incapacidade autorreferida de Kujala. Conclusão:
Os pacientes com DPF apresentaram acurácia e tempo do julgamento
de lateralidade da extremidade inferior sintomática similares ao da
extremidade inferior assintomática. Houve correlação da intensidade
da dor no momento com a acurácia do joelho assintomático dos
pacientes com DPF durante o julgamento de lateralidade. A correlação
entre o resultado do julgamento de lateralidade e a limitação funcional
autorreferida não apresentou qualquer relação significativa.