"Sua língua é uma faca": o uso do pajubá como variedade linguística do português que contribui para o fortalecimento de identidade trans
Abstract
Empregado por algumas artistas contemporâneas em suas criações e presente no
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2018, entende-se, a partir da bibliografia
sobre o tema, que o pajubá teria surgido entre as travestis que frequentavam os
terreiros e casas de candomblé entre as décadas de 1960 e 1970 e estavam em
contato direto com o iorubá e o nagô falados nesses espaços. Aos poucos,
principalmente nas duas últimas décadas, tal léxico passou a ser associado
diretamente à população LGBTI+ e definido como uma “língua do grupo”. Mas, afinal,
quais são as potencialidades desses usos linguísticos? De que modo a utilização
dessas variantes lexicais pode contribuir para a constituição de determinadas
identidades e suas vivências? Visando responder a essas e outras questões, o
principal objetivo deste artigo é discutir como pessoas trans e travestis utilizam o
pajubá como uma variedade linguística do português de gênero, sexualidade e classe
enquanto um mecanismo de subversão na elaboração linguística de uma identidade
de grupo e subjetividades individuais. A metodologia usada é baseada em uma
pesquisa por introspecção, análise bibliográfica e revisão da literatura sobre o tema,
tendo como base teórica a Sociolinguística e a Linguística Queer
