A resistência em tempos de crise: a pós-ficção de Julián Fuks
Resumen
A presente monografia busca investigar e analisar os meandros pelos quais a narrativa é presentificada na obra A Resistência, de Julián Fuks. A partir das contribuições da teoria crítica de Theodor W. Adorno e do conceito de pós-ficção reivindicado por Julián Fuks, a pesquisa identifica e analisa os recursos articulados na construção sensível da narrativa; investiga o possível hibridismo relacionado à crise da ficção identificada nas linhas teóricas que compreendem a concepção de autoficção e de pós-ficção; e descreve ainda as possíveis relações entre a crise da ficção e outras crises presentes na contemporaneidade, como a pós-verdade e a crise da alteridade, sob a perspectiva psicanalítica social de Christian Dunker e social filosófica de Byung-Chul Han. Deste modo, também se destina a contribuir com o debate, a compreensão dos fenômenos e a definição dos conceitos apresentados nestes tempos de crise, caminhos que atravessam e extrapolam a obra de arte e a própria literatura, conformando desdobramentos epistemológicos para uma leitura dinâmica, dialógica e sensível do mundo e da palavra. Por isso, demanda um olhar despretensioso que resiste aos desígnios do controle e da classificação estanque, um olhar sensível que se permite levar pelas percepções e pelos afetos articulados na obra e pela obra, cujo sentido de resistência não se faça estagnação ou inércia, mas sim embaraço e perseverança pelos caminhos que a obra de arte atravessa dialogicamente.
