O Papel da Ocitocina como Tratamento Adjuvante da Esquizofrenia
Abstract
A ocitocina é um neuropeptídeo hipotalâmico comumente associado ao seu papel
endócrino no parto, induzindo a contração uterina, e na ejeção de leite na amamentação.
Além disso, a ocitocina também possui ações importantes na fisiologia e modulação do
comportamento de mamíferos, diminuindo a reatividade ao estresse e a ansiedade e
direcionando o comportamento à sociabilidade. A esquizofrenia, por sua vez, é uma
condição psiquiátrica caracterizada por uma percepção sensorial aberrante, um déficit
cognitivo e da sua cognição social, que promovem a retração da sociabilidade do
paciente e diminuem a sua funcionalidade. Embora os sintomas psicóticos da
esquizofrenia possam ser tratados farmacologicamente com antipsicóticos, a terapia
com estes medicamentos não é tão eficaz para seus déficits cognitivos e de cognição
social. Uma vez que a ocitocina constitui um sistema difuso no sistema nervoso central
e é capaz de modular a atividade de estruturas associadas ao comportamento social e
ao abuso de substâncias, esta pode ser uma molécula interessante para o tratamento
da esquizofrenia. Este estudo se trata de uma revisão exploratória da literatura realizada
através de um levantamento de trabalhos científicos na plataforma “Pubmed” com os
descritores “Oxytocin”, “Schizophrenia” a partir dos quais foram selecionados, lidos e
avaliados os trabalhos que investigaram o potencial da ocitocina enquanto tratamento
para essa condição psiquiátrica. Neste trabalho foram analisados 22 ensaios clínicos,
randomizados ou não, sobre os efeitos da ocitocina sobre os diferentes domínios da
sintomatologia da esquizofrenia: sintomas positivos, negativos, déficits de cognição
social, neurocognição, sintomas depressivos e funcionalidade social. A ocitocina
apresentou resultados mistos sobre os sintomas da esquizofrenia, onde foram
observados efeitos positivos ou nulos para os sintomas positivos, negativos e déficits de
cognição social, mas uma tendência à ineficácia para a neurocognição, sintomas
depressivos e funcionalidade social. Estes achados sugerem que este neurotransmissor
tenha efetividade limitada sobre os sintomas da esquizofrenia. Entretanto, a diversidade
metodológica e as limitações dos ensaios clínicos indicam a necessidade de estudos
mais robustos e elaborados nesta área para se chegar a uma conclusão sobre a eficácia
da ocitocina sobre a esquizofrenia.