Impacto do saneamento básico na saúde e educação da população das diferentes regiões brasileiras
Abstract
As diferenças existentes entre as regiões brasileiras, entre outras características, também abrangem os aspectos do saneamento básico. O panorama sanitário pode interferir diretamente sobre as condições de saúde da população e consequentemente sobre a produtividade dos estudantes, uma vez que ao apresentar um estado de saúde debilitado não é possível atingir o potencial das boas funções mentais, fundamentais para o aprendizado. Nesse sentido, o presente estudo consiste na coleta e análise de dados a partir do Painel Saneamento Brasil (2020) que reúne dados de diferentes plataformas como o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e do Instituto Trata Brasil (ITB). Dessa forma, os referidos dados nos permitiu analisar qual a relação das condições sanitárias e suas principais repercussões sobre os campos da saúde e educação nas diferentes regiões brasileiras entre os anos de 2010 e 2020. Em geral as regiões norte e nordeste apresentam as maiores deficiências. Os déficits sanitários que se encontram na região norte são em virtude dos baixos investimentos nesse setor ao longo dos anos, apresentando aproximadamente 15 internações por doenças de veiculação hídrica por cada 10.000 habitantes em 2020. Entretanto é na região nordeste que se concentra o maior número de óbitos por tais enfermidades e onde também se acumulam os maiores índices de internações por diarreia, doença característica da contaminação de águas. O menor índice de escolaridade também foi registrado na região nordeste (8,68 anos de educação formal em 2019), mas este índice ainda é mais reduzido na população sem saneamento básico (5,25 anos de educação formal em 2019). As notas do ENEM, em 2020, variaram de 522,91 na região norte a 565,21 na região sudeste na população com acesso a banheiro. Pode-se perceber as disparidades regionais nos quesitos sanitários e suas consequentes implicações na saúde de crianças que ocupam grandes centros urbanos desordenados ou áreas rurais sem saneamento, promovendo o atraso escolar e contribuindo na dificuldade de inserção no mercado de trabalho, comprometendo os futuros e melhores ganhos salariais.