Crenças e percepções relacionadas à experiência de mulheres com dor associada ao intercurso sexual: um estudo qualitativo.
Resumo
Introdução: A dor sexual ainda é pouco explorada na literatura, principalmente
relacionada a experiência de dor, crenças e a relação com os profissionais.
Objetivo: Investigar a experiência de mulheres com dor sexual considerando
diferentes aspectos do modelo biopsicossocial. Método: Estudo qualitativo
composto por mulheres com dor sexual. Foram realizadas entrevistas
semiestruturadas com perguntas abertas. Para avaliar a função sexual foi
utilizado o Índice de Função Sexual Feminina (IFSF). A análise qualitativa foi
realizada através do Taguette. A análise temática dos dados considerou: 1)
leitura inicial; 2) identificação preliminar de códigos; 3) alocação dos códigos
nos temas; 4) revisão de temas; 5) alocação dos temas em categorias; 6)
síntese final do estudo. Resultados: O estudo foi composto por 31 mulheres
com média de idade de 29 (DP=9,72) anos e média de 53 (DP=41,93) meses
de duração da dor. A pontuação média no IFSF foi de 19,71 pontos. As
experiências das participantes foram agrupadas nos temas: (1) histórico de dor
sexual; (2) experiência de viver com dor; (3) crenças; (4) comportamento; (5)
busca por ajuda; (6) tratamentos; (7) relação com profissionais da saúde; (8)
facilitadores e barreiras e (9) expectativas. Conclusão: A dor sexual pode
começar na primeira experiência sexual e persistir ao longo da vida
prejudicando o bem-estar pessoal e a relação conjugal. As participantes
apontaram múltiplas causas para a dor e adotaram várias estratégias como
adaptações, uso de recursos e a evitação. As explicações para dor envolveram
alterações biológicas, condições clínicas e fatores psicológicos. Condições
financeiras adequadas facilitaram o acesso ao tratamento, enquanto vergonha
e restrições econômicas foram as principais barreiras.