O processo de implementação de uma oficina de geração de renda em CAPS III no município do Rio de Janeiro: um relato de experiência.
Resumo
A reforma psiquiátrica no Brasil, que eclodiu no final da década de 70,
teve um importante papel na mudança do modelo de assistência psiquiátrica
vigente, cujo enfoque, baseado na legislação de 1934, era predominantemente
o asilamento e a internação do doente mental. Os Centros de Atenção
Psicossocial (CAPS), dispositivos de natureza territorial e comunitária, surgem
a partir do movimento de reforma psiquiátrica na tentativa de substituir o
modelo hospitalocêntrico. Os CAPS III, uma das suas diferentes modalidades,
trabalham com uma equipe mínima de 16 profissionais com instrução entre
nível médio e superior, equipe noturna e de final de semana, contando com
funcionamento 24 horas, oferecendo serviço de acolhimento noturno, curtos e
temporários quando necessário. Visa oferecer acompanhamento terapêutico
através de atividades grupais e/ou individuais de socialização, geração de
renda, artísticas e expressivas, buscando o resgate da cidadania e a
reinserção social do sujeito em sofrimento mental. As oficinas de geração de
trabalho e renda na área da saúde mental surgem como instrumentos para
inclusão social, incorporando princípios e valores da Economia Solidária; uma
proposta de reflexão do modelo de trabalho capitalista e a busca de novas
práticas não excludentes. Este estudo é um relato de experiência, de natureza
qualitativa, que busca realizar uma reflexão sobre o papel das oficinas de
geração de renda num CAPS III, localizado no município do Rio de Janeiro, no
período de agosto a dezembro de 2019. A implementação da oficina de
geração de renda mostrou-se de extrema importância, facilitando a
experimentação de atividades que proporcionem alguma renda, treinando e
desenvolvendo as potencialidades dos participantes, melhorando a autoestima
e empoderando os sujeitos no processo de construção de autonomia.