Desenvolvimento de microemulsões para uso tópico a partir de óleos essenciais com potencial atividade repelente.
Resumo
Os óleos essenciais (OEs) vêm sendo cada vez mais utilizados devido suas
inúmeras propriedades e ampla aplicabilidade em diversas áreas, e por esse
motivo, se encontram em ascensão no mercado. Entre suas inúmeras
propriedades, a atividade repelente se mostra de grande importância, visto que
o uso de produtos naturais está cada vez mais recorrente e os repelentes
comerciais já existentes podem causar problemas à saúde física e mental.
Contudo, por serem compostos majoritariamente por substâncias voláteis, os
OEs podem apresentar seu tempo de duração reduzido e, consequentemente,
sua biodisponibilidade, além de apresentarem irritabilidade na pele quando
usados em abundância. O uso de sistemas microemulsionados é uma alternativa
promissora para minimizar essas peculiaridades. As microemulsões (MEs) são
dispersões compostas por uma fase aquosa, fase oleosa e um surfactante,
sendo este último, um composto anfifílico que diminui a tensão superficial entre
as moléculas e une os sistemas. O uso de OEs em sistemas micremulsionados
para aumentar a biodisponibilidade e a atividade e para diminuir a irritabilidade
já vem sendo aplicado. Para realização desse estudo, foi feita uma revisão
bibliográfica para a escolha de OEs com potencial atividade repelente, e um
surfactante compatível com o sistema, associando propriedades que permitam
futuramente o desenvolvimento de uma formulação tópica. As MEs foram obtidas
por meio de titulação, com a adição gradual de 0,2g do tensoativo, com auxílio
de balança portátil, nas proporções 10:1 e 20:1 m/m A:O (água:óleo), pré-
estabelecidas de acordo com os limites de concentração seguros para o uso
tópico, até a formação da MEs. Após finalizadas, as amostras foram
homogeneizadas em Vórtex por 1 minuto. Para avaliar as regiões de formação
das MEs, foram elaborados diagramas de fase ternários utilizando o Software
OriginPro 2018. Para a análise da estabilidade dos OEs em meio
microemulsionado, testes de durabilidade (a 7°C e temperatura ambiente) foram
realizados, além de avaliação da estabilidade após submissão dos sistemas à
estresse térmico e centrifugação (10 min, 2000 rpm). Os OEs escolhidos foram
Litsea cubeba (litsea) e Cymbopogon nardus (citronela), por apresentarem
atividade repelente satisfatória e de baixo custo, e o surfactante de escolha foi o
Tween 80®, pois apresenta compatibilidade com o sistema, além de ser usado
na literatura de forma recorrente em sistemas microemulsionados para este fim.
No presente trabalho foram obtidas 8 amostras para cada OE, sendo realizadas
4 réplicas para cada proporção. O valor médio de proporção obtido após a
realização das réplicas das amostras do OE de Litsea foi 10:1:20 m/m A:O:S
(água:óleo:surfactante), obtendo o valor de ±0,3 de desvio padrão, e 20:1:23
m/m A:O:S (± 0,9 de desvio padrão). Para o OE de citronela, os valores médios
obtidos nas réplicas foram as proporções 10:1:23 m/m A:O:S (± 1,2 de desvio
padrão), e 20:1:17 m/m A:O:S (± 0,7 de desvio padrão). O uso dos diagramas de
fase mostrou ser uma ferramenta teórica simples e eficiente para analisar as
regiões de formação das MEs. O uso de OEs em sistemas microemulsionados
é promissor, uma vez que as amostras realizadas são reprodutíveis e
apresentaram boa durabilidade e estabilidade.