Iniciativas de geração de trabalho e renda, economia solidária e inclusão social pelo trabalho na saúde mental: uma revisão integrativa da literatura.
Resumo
Introdução: As reformas psiquiátricas tornaram o trabalho uma via possível para a
emancipação de sujeitos em sofrimento mental. Um exemplo disso é a criação das
Iniciativas de Geração de Trabalho e Renda (IGTR). Urge a necessidade de
entender de que forma têm ocorrido esses processos de inclusão, para que se
analise quais deles têm favorecido a sua emancipação. Objetivo: analisar como a
inclusão pelo trabalho, no âmbito dos serviços de saúde mental, pode favorecer a
emancipação de usuários em sofrimento mental. Metodologia: A busca foi realizada
de forma manual na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), por meio dos seguintes
Decs (Descritores em Ciências da Saúde): Saúde Mental e trabalho; e do termo de
busca Economia Solidária, para complementação da pesquisa. Os critérios de
inclusão foram: ser artigo, estar disponível, na íntegra, em português e ter sido
publicado nos últimos dez anos. Para a análise dos dados, foi utilizada a análise de
conteúdo de Bardin, citado por Oliveira (2008). Resultados e discussão: Os
principais temas encontrados foram: (i) as políticas públicas como referenciais no
processo de inclusão pelo trabalho; (ii) os princípios da Economia Solidária como
norteadores das práticas; (iii) a reconstrução da visão sobre o trabalho na Saúde
Mental; e (iv) a Terapia Ocupacional na inclusão pelo trabalho. Foi constatado que
as políticas públicas têm sido a via mais efetiva para a inclusão produtiva dos
usuários. Os princípios da Economia Solidária foram apontados como facilitadores
na busca de um novo lugar social. Foi discutido também que os usuários devem
assumir o papel de trabalhador, e, para isso, devem-se criar ambientes para além
dos dispositivos de saúde. Também salientamos a rejeição da visão do trabalho
como terapêutico, ocupação do tempo ou entretenimento. Os profissionais
terapeutas ocupacionais foram vistos como importantes, por terem como alicerce a
busca pela autonomia dos sujeitos, além de disporem de habilidades profissionais
importantes no que tange à idealização, formação e mediação de IGTR.
Conclusão: É importante entender o trabalho como uma atividade que oferece
sentido à vida, e não apenas como fonte de benefícios financeiros. É preciso que se
invista cada vez mais em políticas públicas para a efetivação da inclusão produtiva,
utilizando os princípios da Economia Solidária como base. Para além disso,
destacamos a necessidade de se assumir o papel de trabalhador nas IGTR,
utilizando-se a ocupação de espaços para além da saúde. Salientamos a
importância do investimento na formação de profissionais, e, principalmente,
terapeutas ocupacionais para o fortalecimento das IGTR e da Economia Solidária.