Entre setores: possibilidades de práticas intersetoriais na atenção psicossocial infantojuvenil no Brasil.
Resumen
A Atenção Psicossocial Infantojuvenil deve pautar-se no princípio da
intersetorialidade, que consiste na articulação das ações entre diferentes setores, de
forma permanente e em um território de referência, para proporcionar a integralidade
nas ações de cuidado em saúde mental, pertinentes aos contextos de vida dos
usuários e a promoção de participação social e de cidadania. Esse trabalho tem
como objetivo identificar as práticas intersetoriais realizadas pelos dispositivos da
Atenção Psicossocial Infantojuvenil no Brasil. Trata-se de uma revisão integrativa da
literatura, que reuniu artigos provenientes das seguintes fontes de busca: Portal de
Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Electronic Library Online
Brazil (SciELO Brazil). Foi utilizada a Técnica de Análise de Conteúdo
Temático-Categorial de Bardin [com base no estudo realizado por Oliveira no ano de
2008], voltada à categorização temática dos estudos. Foram encontrados 8.020
artigos, porém apenas 3 atenderam aos critérios de inclusão. Observou-se nas
publicações a presença de práticas intersetoriais para crianças e adolescentes, seus
cuidadores e profissionais presentes nos serviços de saúde mental infantojuvenil nas
regiões Nordeste, Sudeste e Sul do Brasil, nos anos de 2015, 2016 e 2020,
respectivamente, em articulação com os setores da Saúde, Educação, Assistência
Social, Justiça e da Administração Pública em ações realizadas, tais como: o
desenvolvimento de plano de ação, reuniões, visitas institucionais, grupos de Gestão
Autônoma da Medicação (GAM) com usuários dos serviços pela Oficina da Palavra,
pelo Grupo de Intervenção GAM com Familiares (GIF) e pela supervisão coletiva
para os profissionais e a sua divulgação para as equipes de saúde mental dos
serviços da Atenção Psicossocial Infantojuvenil. As práticas apresentaram
consonância com a política de saúde mental infantojuvenil em relação aos princípios
e diretrizes dispostos. No entanto, alguns estudos referem-se a ações entre
dispositivos da saúde em um mesmo setor relativos à intersetorialidade, sem,
contudo, realizar uma diferenciação da intrasetorialidade nas ações, o que apresenta
desacordo conceitual. Os dispositivos da Atenção Psicossocial Infantojuvenil não
são intervenientes no Programa Saúde na Escola (PSE), relativo ao setor da
Educação, apenas o dispositivo das equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF)
pertencente à Atenção Básica realiza ações voltadas a esse âmbito no país. Foi
demonstrada a ausência dos setores da Cultura e do Esporte nas ações
intersetoriais. Aponta-se escassez de estudos referentes às práticas intersetoriais na
Atenção Psicossocial para a infância e a adolescência no Brasil.