Engajamento de idosos com comprometimento cognitivo leve no treino cognitivo digital.
Abstract
O treino cognitivo digital (TCD) pode promover melhora nas funções cognitivas de
idosos com comprometimento cognitivo leve (CCL), entretanto para obter resultados
positivos é necessário o engajamento dos participantes. O modelo de prontidão na
comunidade (MPC) pode ser utilizado como um método para entender os motivos que
interferem no engajamento. Dessa forma, este trabalho teve como objetivo avaliar as
mudanças de prontidão da comunidade ao longo do tempo para compreender o
engajamento de idosos com CCL em relação ao TCD, analisar quais os desafios e os
facilitadores para realização do TCD. Realizou-se um ensaio clínico randomizado
controlado do tipo “stepped wedge”, duplo cego e de abordagem qualitativa e
quantitativa. Inicialmente, foram aplicadas diversas avaliações e uma entrevista
baseada no MPC. Após isso, os idosos foram aleatorizados no grupo que realizou 10
horas de jogos comerciais, mais 10 horas TCD e outro 20 horas TCD. Investigou-se
os desafios e facilitadores para o engajamento no treino relatados na entrevista antes
e após a realização deste, realizou-se análise estatística para verificar se houve
mudança na prontidão da comunidade. Por conta do contexto pandêmico, verificou-
se se havia correlação entre sintomas de ansiedade e tempo de conclusão do treino.
Foram avaliados 27 idosos no período de março de 2020 a abril de 2021, destes
somente 10 concluíram o treino. Os principais desafios para o engajamento no pré
treino foram: o manejo da tecnologia, o desempenho cognitivo e não ter conhecimento
do TCD. E facilitadores: Ter condições para realizar o TCD e a expectativa de melhora
cognitiva. No pós treino, o desafio mais predominante em ambos os grupos foi o
manejo da tecnologia. No grupo 20 horas TCD a pouca variedade de exercícios
também foi relatada. A percepção de melhora do desempenho cognitivo e ter a ajuda
de um familiar foram facilitadores no pós treino. Houve uma mudança estatisticamente
significativa na média geral do MPC e nas dimensões “Conhecimento comunitário dos
esforços” e “Clima da comunidade'', entretanto não houve mudança entre os grupos,
ambos aumentaram o nível de prontidão. Não houve correlação entre sintomas de
ansiedade e o tempo para concluir o treino e entre sintomas de ansiedade e progresso
no treino. Este estudo obteve achados relevantes, entretanto destaca-se a
necessidade de estudos com corte temporal maior e idosos com características mais
abrangentes.