Avaliação da atividade leishmanicida de compostos mesoiônicos e complexos organometálicos
Abstract
As leishmanioses são classificadas como doenças negligenciadas, pois não são atrativas para as indústrias farmacêuticas, pois não há perspectiva de retorno do investimento financeiro. Além disso, não há vacina licenciada para uso em humanos, o tratamento atual é caro, tóxico, doloroso e muitos casos de resistência têm sido relatados, dificultando o tratamento. Com o avanço da química inorgânica, complexos metálicos têm sido resgatados como alternativas interessantes para fármacos. De fato, complexos de ouro, platina e prata mostraram boa atividade contra tumores e algumas infecções. Por outro lado, as sidnonas constituem a primeira classe de compostos mesoiônicos sintetizados, possuindo importante atividade biológica e amplamente estudadas. Este trabalho propõe estudos de estrutura/atividade para avaliar o efeito de complexos organometálicos e derivados mesoiônicos em Leishmania amazonensis, espécie responsável pela forma cutânea da leishmaniose. As promastigotas de L. amazonensis foram incubadas com as moléculas em diferentes concentrações por 72 horas e o crescimento do parasito foi avaliado com resazurina. Para os ensaios de citotoxicidade, macrófagos peritoneais murinos foram incubados com as moléculas por 72 horas e a viabilidade celular foi avaliada por resazurina. Também foi realizada análise farmacocinética e toxicológica in silico das substâncias, como parâmetro de seleção de candidatos a serem avaliados in vivo. Todas as substâncias analisadas nesse estudo estão de acordo com os critérios estabelecidos por Lipinsky e Veber para biodisponibilidade oral. Das 15 substâncias, sete apresentaram algum grau de atividade. A sidnona 11 foi a mais ativa, com IC50 cerca de 18 μM e CC₅₀ de 109,4.