Contribuições da educação não formal destinada ao campesinato para a popularização da ciência.
Fecha
2024Autor
Costa, Raquel Mattos Gonçalves da
Arrial, Roberto Ternes
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Mostrar el registro completo del ítemResumen
A Popularização da Ciência (PC) é uma área em constante atualização, tanto em
relação aos referenciais teóricos, quanto às práticas desenvolvidas, imbricada ao
contexto social e ao desenvolvimento científico e tecnológico. Frente à persistência
e agravamento das diferentes crises socioambientais, é necessário que a
Popularização da Ciência inclua novas práticas e discursos orientados por uma
visão crítica, buscando enfrentá-las, em uma perspectiva do pleno exercício da
cidadania. As práticas do campo da Agroecologia buscam o enfrentamento das
crises socioambientais e podem ser um campo fértil de aprendizado para a PC. Por
meio de uma pesquisa qualitativa, exploratória e bibliográfica, buscamos explorar as
aproximações e distanciamentos entre a PC e a Educação não formal em
Agroecologia direcionada a trabalhadores do meio rural, com foco na extensão rural
sob a Metodologia Campesino a Campesino (MCaC). A partir disso, identificamos
como este diálogo pode contribuir com a PC, fortalecendo a troca com os saberes
populares e o enfrentamento das crises socioambientais. Inicialmente, fizemos um
levantamento bibliográfico sobre as experiências da MCaC nos periódicos
organizados pela Associação Brasileira de Agroecologia. A aplicação de critérios de
inclusão e exclusão resultou em um corpus com 39 artigos. A partir disso, o
percurso metodológico foi orientado pela Análise Textual Discursiva. Por meio de
uma pré-análise, extraímos dos artigos sete conceitos a serem investigados no
corpus. Para cada conceito foram estabelecidas as respectivas unidade teórica,
elaborada a partir de consulta a referenciais teóricos, e unidade empírica,
revisitando o corpus em uma leitura contextual mais ampla e aprofundada de cada
conceito. Consolidamos, por análise interpretativa de ambas unidades, as
categorias iniciais para cada um dos conceitos, o que nos permitiu encontrar
semelhanças e diferenças entre PC e MCaC. Com base nessas comparações,
elaboramos um metatexto abordando aspectos da MCaC que podem contribuir com
a PC. Nossos achados estão centrados na valorização do protagonismo e nos
saberes do público pelo divulgador científico, reconhecendo o indivíduo como
sujeito social que busca constituir sua identidade e emancipação e que deve ser
atuante na proposição e resolução de seus problemas concretos. De modo geral,
encontramos que mesmo com as semelhanças, a PC pode incorporar diversas
práticas da MCaC, principalmente, o “agricultor-farol”, o diálogo horizontal e a
experimentação pelo público. Nestes novos intercâmbios, o público se torna o
sujeito central e também multiplicador de diferentes saberes. A partir disso, é
construída uma ampla rede de saberes e pode ser criada uma identidade
comunitária que reflita as questões da realidade local, contribuindo para o
enfrentamento de diversas crises socioambientais.