O professor formador do curso de licenciatura em química do IFRJ Campus Duque de Caxias e sua contribuição para implementação da Lei Federal 10.639/2003
Resumen
Mesmo após anos da normatização da Lei Federal 10.639/03, muitos professores de
Química não implementam aspectos éticos, críticos e culturais em sua prática
docente. Essa deficiência concebe práticas escolares e instituições negligentes com
as desigualdades sociais, econômicas e culturais de seus educandos e, por sua vez,
nega uma formação crítica para relações étnico-raciais tão necessárias na
sociedade brasileira. Ao analisar de que forma ocorre a inserção dessa temática no
contexto do Ensino de Química, nota-se que a ausência dessa implementação é um
reflexo da formação inicial e continuada dos educadores, com isso, torna-se
necessário um olhar direcionado ao professor formador. O objetivo desta pesquisa é
estabelecer o perfil do professor formador do curso de Licenciatura em Química do
IFRJ campus Duque de Caxias em relação à Lei Federal 10.639/03 e suas
implicações no contexto educacional. Busca-se compreender de que maneira esse
profissional contribui para formação de futuros educadores capacitados em abordar
aspectos da História e Cultura Africana e Afro-brasileira no Ensino de Química. Além
disso, é analisado de que forma essas ideias e concepções são trabalhadas e
refletem nos discentes do curso, que são os agentes capazes de implementar a Lei
no seu lócus de atuação através da sua prática docente. Para tanto, foi utilizado
como instrumento de coleta de dados, entrevistas individuais semiestruturadas
aplicadas ao corpo docente do curso no período de 2020.1, englobando perguntas
relacionadas à trajetória formativa do profissional, sua experiência na área e nas
disciplinas que ministra, assim como outros questionamentos que permitiram
verificar as ideias, concepções e práticas docentes inerentes à problemática
explorada pela pesquisa. No caso dos discentes, foi aplicado um formulário online
para aqueles que possuíam 80% ou mais da matriz curricular integralizada,
analisando a inserção e efetividade da Lei durante sua trajetória formativa. O estudo
demonstra que apesar do professor formador possuir entendimento sobre sua
função no que tange ao desenvolvimento de um profissional de educação para as
relações étnico-raciais, sua trajetória formativa não se constituiu de ações que
visassem uma consolidação de práticas multiculturais e, consequentemente,
apresenta uma visão simplista dessa temática. Constatou-se também que essa
fragilidade promove práticas pedagógicas que refletem na formação dos licenciados
em química e que os documentos institucionais do curso se constituem da mesma
fragilidade. Nessa perspectiva, nota-se que para possibilitar a formação de um
educador de química capacitado em dialogar com as questões étnico-raciais, cabe
ao curso ampliar sua visão como lócus formador e não buscar a promoção da
transformação social marginalizando a situação da população afro-brasileira.